terça-feira, 17 de maio de 2011

Odiando as entrelinhas.




Você deve ficar puto quando tenta descobrir o que eu sou,
mas minhas metáforas não deixam.


Raquel Machado - (Direitos autorais - Lei n.º 9.61019/02/1998)

Hoje.

Hoje poderia ter sido um dia qualquer, mas minhas impressões me salvaram do "mesmo".
Todos os dias eu ando por caminhos que não gosto, mas descobri que dentro dele existe um caminho lindo, com uma grama bem verdinha, uma paz que me renovou.
Tenho mania de ver significado em tudo, e nesse caso, o significado veio como um discurso daqueles que não se esquece. Rupturas, doces rupturas. Eu as amo! Venham até mim! Continuem me motivando a procurar o que não existe, e a criar esse objeto de busca (já que ele não existe). Não quero o espelho, quero a reflexão. Não quero o princípio, quero o incêndio. Na verdade, quero a explosão - Uma explosão de possibilidades. Com isso tudo, a "lição de moral" do dia de hoje poderia ser algo como "Existem pequenos caminhos de luz no meio das trilhas escuras, e apesar de pequenos, fazem toda a viagem valer a pena".
Hoje estou muito sensível, tão sensível que achei que as gotinhas de chuva faziam parte das minhas lágrimas. Eu estava chorando com o mundo. Eu vi peixes, eu vi signos.
Poderia ter sido um lugar qualquer, mas coexistiu em mim mesma. O mundo não estava além, ele estava dentro. Não dá pra explicar isso. Meu pensamento é forte e rápido e as minhas mãos não acompanham nessa escrita lenta. (Maldita caligrafia, eu não preciso de você!). Risquei. Rasguei. Acha que eu perdi tudo? Na verdade eu guardei como um tesouro; Eu o vejo melhor quando fecho os olhos porque brilha mais na escuridão. Hoje poderia ter sido só um dia. Poderia ter sido um início, um desfecho. Hoje foi o dia em que eu "des-cobri".


Raquel Machado - (Direitos autorais - Lei n.º 9.61019/02/1998)

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Linguísticas estruturais

A Escola Linguística de Praga

A Escola Linguística de Praga desenvolveu-se entre as duas guerras mundiais e beneficiou-se do fato de ter conseguido harmonizar os ensinamentos de Saussure com uma outra importante linha de reflexão sobre a linguagem, a do Psicólogo Karl Bühler. Outra figura importante foi Wilhem Mathesius.

O que conta na concepção de comunicação utilizada por Saussure é que os interlocutores tenham pleno controle sobre os elementos pertinentes dos signos linguísticos mediante os quais se comunicam. Essa concepção de comunicação é própria da concepção saussuriana, basta para distinguir língua e fala e para estabelecer como a fala depende da língua, mas reduz de certo modo o processo de interpretação a uma questão de discriminação dos signos que se transmitem, e nada nos diz sobre o que acontece quando interpretamos.

Mathesius indicou um caminho possível para superá-la ao alcançar a idéia (hoje quase banal, mas em seu tempo altamente revolucionária) de que a comunicação afeta dinamicamente nossos conhecimentos e nossa consciência das situações. Com essa concepção dinâmica da comunicação, Mathesius pôde sugerir que o dinamismo comunicativo se distribui de maneira desigual nos enunciados que efetivamente utilizamos para fins de comunicação, e assim chegou à idéia de que os enunciados comportam tipicamente uma parte menos dinâmica - o tema - e uma parte mais dinâmica - o rema.

A Glossemática

Tendo como figuras de ponta os dinamarqueses Luis Hjelmslev e Viggo Brondal, a glossemática desenvolveu-se na Universidade de Copenhague. A Glossemática foi a escola de linguística estrutual que mais consequentemente procurou aplicar a tese saussuriana de que as línguas se constituem como sistema de oposições. É em Hjelmslev que encontramos o par terminológico sintagma x paradigma. Tendo desenvolvido uma reflexão linguística menos aderente ao significante, a glossemática conseguiu dar um enfoque estruturalista ao estudo da significação.

O funcionalismo

A crédito dessa escola tem que ser registrada a clareza com que formulou e reafirmou a chamada "dupla articulação da linguagem" - estabelecendo que haveria em toda língua natural dois níveis de oposição (e de combinatória); aquele em que as unidades podem ser contrastadas de modo a fazer aparecer, simultaneamente, diferenças de forma e de sentido (esta é , para Martinet, a primera articulação, que corresponde às palavras) e aquele em que se podem pôr à mostra diferenças que apenas servem para distinguir unidades (esta é a segunda articulação, cujas unidades são os fonemas).

Primeira articulação: palavras;
Segunda articulação: fonemas.



Romam Jakobson

Resumiu seus interesses linguísticos na fórmula: Linguista sum, linguistici a me nihil alienum puto" (Sou humano, acho que tudo que é humano tem a ver comigo). Coube a Jakobson mostrar que a fonologia não era apenas uma representação útil para os fins "técnicos" que haviam levado à sua descoberta; Ele mostrou, com efeito, que assimilação progressiva dos traços permite reconstituir as etapas que a criança percorre na aquisição da linguagem, assim como define a ordem em que se dá sua perda nos falantes acometidos de afasia. Ao fazê-lo, ele mostrou que no nível dos traços e dos fonemas funcionam alguns processos combinatórios ue tiram partido de duas relações fundamentais: A contiguidade e a similaridade, as memas relações que em outros níveis garantem o funcionamento da gramática e dão origem a figuras de linguagem fundamentais, da metáfora e da metonímia... Jakobson foi funcionalista.

O estruturalismo/ A linguística de Chomsky

No caso do estruturalismo europeu, esses sinais manifestaram-se na forma de revisões ou de ataques abertos que, de um modo ou de outro, apontavam para um fato crucial: o estruturalismo havia levado a desconsiderar aspectos dos fenômenos linguísticos que são essenciais para a sua compreensão, e estava funcionando como um handicap para a investigação.

Pêcheux diz que a linguística saussuriana retirando-se do campo da parole teria transformado todos os fenômenos textuais e semânticos numa espécie de terra de ninguém. Ao descartar a fala como objeto de estudo científico, Saussure teria destruido simultaneamente a possibilidade de uma linguística textual e a possibilidade de uma análise científica do sentido dos textos.

Foram então percebidos como problemas três traços do estruturalismo que já vinham sendo criticados em outras áreas do conhecimento: seu caráter anti-historicista, anti-idealista e anti-humanista. As críticas de Pêcheux atingiram o estruturalismo, isso explica a repercussão que teve na Europa.

A partir de 1960, a linguística de Chomsky comandou uma revolução científica que atingiria em cheio o estruturalismo americano, como nova metodologia de investigação, incorporando parte do conhecimento acumulado pela investigação de campo da geração anterior.

E assim termina o resumo sobre o texto de Rodolfo Ilari, "Estruturalismo Linguístico". Bye!

Estruturalismo linguístico.

Aqui vai um resumo de "Introdução a Linguística: 2 - Estruturalismo Linguístico: alguns caminhos" de Rodolfo Ilari com algumas considerações minhas a respeito do assunto.

O estruturalismo teve sobre os estudos da linguagem, no Brasil, um impacto enorme. Seu advento se deu durante os anos de 1960 e coincidiu com o reconhecimento da Linguística como disciplina autônoma. Nessa época, muitos professores e pesquisadores foram atraídos a sistematizar suas doutrinas, como foi o caso célebre de Mattoso Câmara Jr.
Por volta de 1970 o estruturalismo já era, no Brasil, a orientação mais importante nos estudos da linguagem e contribuiu para a criação do linguista que passou a ter um espaço próprio, como os gramáticos e os filólogos. O estruturalismo linguístico se impôs no Brasil e venceu resistências de outras tradições e análises, mas apesar disso não se deve pensar no estruturalismo linguístico como um movimento forte e coeso porque havia oposições.

No Rio de Janeiro (ÊÊÊ *-*) atuou desde a década de 1930 Joaquim Mattoso Câmara Jr, que foi um profundo conhecedor da Linguística produzida na Europa e na América. Seu livro foi o primeiro manual de Linguística publicado na América do Sul.

Em São Paulo, o estruturalismo linguístico se fez presente nos cursos de graduação e pós-graduação da USP, onde atuaram nomes como Eni Orlandi, Izidoro Blikstein e Cidmar Teodoro Paes. Esta geração de professores era parcialmente formada por antigos bolsistas renomados da França, que criaram condições para a releitura de autores como Luis Hjelmslev, Roland Barhes e Ferdinand de Saussure.

Vamos começar abordando a tradição estruturalista européia. Para a firmação do estruturalismo na Europa, foi altamente relevante o sucesso do livro Cours de linguistique générale, publicado em 1916 como obra póstuma de Ferdinand de Saussure. O livro não foi escrito por Saussure, mas sim por seus alunos da universidade de Genebra, o que causou dúvidas sobre o "verdadeiro" pensamento do mestre e gerou uma série de obras buscando desvendar as "verdadeiras" teorias de Saussure. Por isso o estruturalismo linguístico também teve influências desses outros Saussures.

Saussure elegeu como noção central para a compreensão do fenômeno linguístico a noção de valor, que só pode ser compreendida à luz de uma série de distinções teóricas, como língua x fala, forma x substância, noções de pertinência, de signo, significante e significado.

Saussure chegou à distinção entre língua e fala observando fatos quotidianos, entre eles o jogo.

Em Saussure, o jogo é evocado antes de mais nada para contrapor os inúmeros desenvolvimentos que se podem prever a partir da "regra do jogo" ao conjunto sempre limitado de jogadas que efetivamente se realizam quando o jogo acontece. A idéia de que no jogo de xadrez são possíveis certas jogadas, mas não outras (...) leva, em suma, a valorizar o que não se observa, ou seja, "a regra do jogo" encarada como possibilidade jogo, ou no caso da língua, como condição de comunicação. (Introdução a Linguística - P.57 - Grifos meus)

Por esse caminho, chega-se à mais fundamental das oposições saussurianas, a que se estabelece entre a língua e fala, ou seja, entre o sistema e os possíveis usos do sistema.
Para Saussure, o sistema era abstrato e se opunha aos episódios comunicativos historicamente realizados. Dessa forma, Saussure estabeleceu que o objeto específico da pesquisa linguística deveria ser a "regra do jogo", isto é, o sistema.

A oposição entre os atos linguísticos concretos e o sistema abstrato é conhecido como "oposição língua/fala" ou "oposição langue/parole".


Os indivíduos que utilizam a linguagem o fazem sempre por iniciativa pessoal, mas sua ação verbal só tem os efeitos que tem pela existência de um sistema que o usuário compartilha com outros membros da comunidade linguística de que faz parte. Por isso Saussure qualificou a língua como um fenômeno social e caracterizou a linguística como um ramo da psicologia social.

Seguindo Saussure, os estruturalistas não só entenderam que seria preciso tratar separadamente do comportamento linguístico das pessoas e das regras a que obedece esse comportamento, mas ainda entenderam que o uso individual da linguagem (a parole), não poderia ser objeto de um estudo científico.

Voltando à metáfora do jogo e ao conceito de valor, todo mundo sabe que é possivel substituir uma peça perdida por um objeto qualquer e jogar o jogo sem problemas, desde que convencionemos que a peça improvisada (um botão ou uma pedra) representará a que se extraviou. Isso significa que a descrição de um sistema linguístico não é a descrição física de seus elementos, e sim a descrição de sua funcionalidade e pertinência.

Certas diferenças acústicas ou articulatórias que parecem consideráveis quando são avaliadas em termos físicos podem ser desprezadas numa análise rigorosamente linguística, porque não são investidas de nenhuma função. (Um exemplo disso é a maneira como os paulistas falam porta com o R enrolado e os cariocas falam porta sem enrolar o R). Essas diferenças de pronúncia não interessam porque levam às mesmas unidades linguísticas - no caso, às mesmas palavras.

Pensemos, por exemplo, na maneira como pronunciamos a palavra ENFIAR. A escolha de uma pronúncia sonora ou surda para esse som não modifica o sentido da palavra. (Enfiar = introduzir num orifício) - Parem de pensar maldade. - q

Mas, se grafarmos a palavra com V, por exemplo, passaremos de ENFIAR a ENVIAR e aí sim haverá mudança de sentido (ENVIAR = mandar, remeter)

Diremos então que a propriedade física depende do contexto. A diferença de forma corresponde a diferença de função. Obviamente, uma diferença física pode ser portadora de uma distinção em uma língua e não ser em outra.

Explicitando a intuição Saussuriana, Hjelmslev chamou de forma, tudo aquilo que uma determinada língua institui como unidades através da oposição; à forma, ele opôs a substância, definida como o suporte físico da forma, que tem existência perceptiva mas não necessariamente linguistica.

Assim, nas palavras carro e caro é possível distinguir uma diferença que é ao mesmo tempo substância e forma. Mas nas diferenças entre as duas pronúncias possíveis para a palavra carro só há distinção de substância.

Há uma concepção de linguagem até hoje bastante difundida, segundo a qual as palavras nomeiam seres cuja existência precede a língua e cujas propriedades são determinadas independentemente dela (É a concepção que está no mito bíblico segundo o qual Adão teria dado nomes às coisas). Foi precisamente a essa concepção tradicional e ingênua que Saussure contrapôs a noção de signo linguístico, pois os dois componentes do signo não devem sua existência a nenhum fator externo à língua, mas tão somente ao fato de que estão em oposição a todos os demais significados e significantes previstos pela língua.

Falar em valor linguístico a propósito de Saussure é antes de mais nada, ressaltar a natureza opositiva do signo. O que fundamenta a especificidade de cada signo linguístico não é o fato de que ele se aplica a certos objetos do mundo, e não a outros; é a maneira como a língua coloca esse signo em contraste com os demais.

Teoria Saussuriana de valor: A relação entre significante e significado deve ser considerada à luz do sistema em que se insere, e não nas situações práticas em que a lingua intervém ou nas realidades extralinguísticas de que permite falar.

Obs.¹ Os signos linguísticos se relacionam no sistema da língua.
Obs.² O signo é arbitrário e de natureza opositiva.
Obs.³ O signo é linear.

Idéia radical de arbitrariedade: Uma vez estabelecido que toda língua relaciona sons e sentidos, articulando-os mediante uma forma, a forma adotada para realizar essa articulação varia de uma língua historicamente dada para outra.

A noção radical de arbitrariedade tem tudo a ver com valor linguístico porque cada língua organiza seus signos através de uma complexa rede de relações que não será encontrada em nenhuma outra lingua. (P.65)

O quadro das doutrinas saussurianas não seria completo se não mencionássemos uma última posição. Trata-se da oposição entre sincronia e diacronia.

A linguística diacrônica estudaria a língua e suas variações histórico-temporais e a linguística sincrônica estudaria a língua em um certo momento, sem importar sua evolução temporal.

As gerações posteriores a Saussure não só aceitaram o desafio de descrever as línguas estudadas mediante cortes sincrônicos, mas também começaram a interessar-se por línguas difíceis de abordar num certo momento histórico, como as línguas ágrafas ou as variantes não-padrão das línguas de cultura. Isso proporcionou um estudo livre da influência da tradição gramatical greco-latina e proporcionou uma visão da história como uma sucessão de sincronias, o que fez com que as linguísticas estruturais fossem tipicamente sincrônicas.

E quais são essas linguísticas estruturais?

Continua no próximo post! :*

Breathe.

Então eu paro pra respirar. Respirar é viver e viver é escrever. Volto ao início de uma ação que não para, as palavras se personificam, se "metonificam", assumem características que não tem e formas que poderiam ter.
Isto é o que eu sou, um parágrafo raro e obscuro que antecede outros parágrafos que não terminam por aí. E quem é que lê esses parágrafos? O acaso. Ele, é sempre ele que me motiva. O acaso só existe quando eu não participo dele. E nesse caso, sou o acaso de alguma outra pessoa, de algum outro parágrafo, um sentimento ágrafo. Um cometa.

História da Linguística

Uma boa parte da história primitiva do pensamento lingüístico ocidental é obscura ou controversa porque as fontes/ as origens se perderam no tempo. Apenas sabe-se que a gramática tradicional remonta à Grécia do SEC V a.C.

O estudo gramatical na Grécia teve três períodos principais:

1 - o que se iniciou com os filósofos pré-socráticos e os primeiros retóricos, e continuou com Sócrates, Platão e Aristóteles;

2 – O período Estóico;

3 – O período Alexandrino;

No SEC V a.C, a Gramática era uma parte da Filosofia, era uma parte dos questionamentos que os homens faziam, nesse caso, questionamentos relacionados à linguagem. Mas os Gregos já sabiam da existência de povos com línguas diferentes. Mas qual era, de fato, a relação entre o significado e a palavra? Alguns acreditavam na língua como Instituição natural, acreditavam que era natural a relação entre o significado de uma palavra e sua forma. Esses eram os naturalistas. Outros acreditavam em uma Instituição convencional, resultado do costume e da tradição. Eram os convencionalistas.

Crátilo, adepto da escola "naturalista", afirmava que a origem das palavras era necessariamente motivada pelas coisas que elas significavam. Tal concepção levou à prática da etimologia – (etymo – verdadeiro, real). Assim, investigar a origem de uma palavra e identificar seu significado eram ações destinadas a revelar uma das verdades da "natureza".

As especulações sobre a origem da língua e da relação das palavras com seu significado estimularam e mantiveram o interesse dos estudiosos durante séculos, partindo para a discussão sobre até que ponto a língua é regular.

A palavra grega para regularidade era “analogia”, e para irregularidade, “anomalia”. Daí nova disputa entre analogistas x anomalistas. (Marlene Silva Sardinha Gurpilhares, janus, lorena, ano 1, nº 1, 2º semestre de 2004 – P.4 )

Os analogistas esforçam-se por estabelecer modelos de referências para classificar as palavras regulares, nascendo aí o termo “paradigma”, incorporado à gramática. (Marlene Silva Sardinha Gurpilhares, janus, lorena, ano 1, nº 1, 2º semestre de 2004 – P.4)

Os naturalistas diziam que se a língua fosse realmente produto de uma convenção humana, não deveria ter irregularidades, e, se existissem, deveriam ser corrigidas. A partir dessa discussão, houve a distinção entre gramática descritiva (Como um grupo social fala e escreve) e a gramática prescritiva (como se deveria falar ou escrever).

Como conseqüência da disputa tem-se o reconhecimento de que toda língua é formada por regularidades e irregularidades, o que contribuiu para a sistematização da gramática e para os fundamentos da gramática moderna.

Contribuições de Platão: Platão fez a distinção entre substantivos e verbos, conceituando que substantivos funcionam como sujeitos de um predicado e os verbos são termos que expressam ação ou afirmam qualidade.

Contribuições de Aristóteles: Aristóteles criou o que seria o início das classes gramaticais, entre outras contribuições.

Os três principais ramos de estudo lingüístico que receberam atenção especial dos antigos gregos foram:

1) Etimologia – Pesquisa etimológica.

2) Fonética – Fizeram distinção entre vogais e consoantes, reconheceram a acentuação, introduziram o conceito de sílaba, separaram o estudo dos dons da fala de outros domínios da linguagem.

3) Gramática – Foi o campo em que se destacaram mais, e suas descrições foram mantidas através do tempo, até os dias atuais.

Período Estóico

A partir do período Estóico houve uma mudança no tratamento da língua, pois os Estóicos o espírito do homem seria uma tábula rasa, uma espécie de página em branco; no momento do nascimento, essa página começaria a ser “escrita” pelas experiências sensoriais e intelectuais do

homem. A língua seria a forma de expressão dessas experiências. Os Estóicos trataram da pronúncia, da etimologia e da gramática e fizeram pesquisas filosóficas e lógicas.

Período Alexandrino

O período Alexandrino teve início no século III a.C na colônia grega da Alexandria e foi diferente porque houve maior preocupação com a língua no âmbito literário.

Dois fatores contribuíram para seu interesse em estudar a língua como parte dos estudos literários:

(1) o desejo de tornar accessíveis aos contemporâneos as obras de Homero;

(2) a preocupação com o “uso correto” da língua (pronúncia e gramática) a fim de preservar

o grego clássico de corrupções.

(Marlene Silva Sardinha Gurpilhares, janus, lorena, ano 1, nº 1, 2º semestre de 2004 – P.5)

Nesse período, houve valorização da escrita e da língua falada, houve evolução na língua e o interesse pela Literatura.

Período Romano

Houve influência grega em todas as esferas da cultura romana. Dizem que as pessoas aprendiam a falar, a ler e a escrever grego tão bem quanto o latim. A semelhança entre as duas línguas levou os romanos a pensar que as categorias gramaticais criadas pelos gregos eram categorias lingüísticas universais e necessárias. Grandes nomes do estudo gramatical foram Donato (400d.C) e Prisciano (500d.C) e os melhores escritores foram Cícero e Virgílio.

Período Medieval

Nesse período, haviam manuais gramaticais baseados nos estudos de Prisciano e Donato. Cada região desenvolvia uma pronúncia própria.Os filósofos da época davam muita atenção ao estudo do significado.

Período da Renascença

Nesse período houve uma ruptura radical com a tradição escolástica. O grego passou a ter lugar de destaque e mais tarde o hebraico. A gramática era pretexto para a compreensão da literatura e pra escrever o “bom” latim. Também havia persistência da tradição clássica no estudo da língua e as regras gramaticais “derivam das tendências naturais da mente humana”.

O método comparativo na Linguística

Através desse estudo estabeleceu-se o parentesco entre as línguas, a partir da pressuposição da existência de correspondências sistemáticas. Esse estudo foi estabelecido por Jacob Grimm.

Os neogramáticos

Os neogramáticos interessavam-se por criar uma teoria de mudanças. Criaram leis fonéticas, acreditando que as mudanças se davam num processo de regularidade absoluta, isto é, as mudanças afetavam a mesma unidade fônica em todas as suas ocorrências, no mesmo ambiente, em todas as palavras e não admitiam exceções. Na verdade, as exceções eram apenas aparentes e explicavam-se por influência de algum dialeto ou analogia com padrões mais regulares (Lembra da criancinha da propaganda do Sustagen Kids que fala: “Eu gosti” em vez de “Eu gostei”??).

A Linguística comparativa é importante pelo reconhecimento de que a transformação das línguas não se dá simplesmente através do tempo, mas considera também fatores sociais e geográficos e que é possível as línguas “convergirem” ou “divergirem” com o tempo. Com uma compreensão mais precisa das relações entre língua e dialeto surge o ramo da lingüística chamado dialectologia ou Geografia lingüística. Os neogramáticos compreenderam que a língua é uma estrutura em que existem princípios regulares e irregulares que tendem a regularizar-se à medida que a língua vai sendo transmitida de uma geração a outra.

No próximo post ou falar sobre o Estruturalismo Linguístico. Bye!

História do Pensamento Linguístico

Que tal aprender algumas coisinhas legais acerca da linguagem?

Para começar, vamos definir cada termo do nosso objeto de estudo:

História – É uma narrativa contada em sequência temporal. Tem a ver com campos de conhecimento, com povos, com acontecimentos marcantes.

Pensamento – É uma Idéia, uma reflexão, uma consideração acerca de alguma coisa.

Como é que nós podemos traduzir o que estamos pensando? Nós podemos traduzir usando a Linguagem. Pode ser linguagem verbal, não verbal, expressão corporal, artes, etc.

Essa capacidade de simbolizar é inerente à condição humana e as práticas sociais estão ligadas à ela. Por quê? Porque as práticas sociais se organizam em sistemas de signos para transmitir a cultura. Vamos explorar melhor a afirmação?

O que é um signo?

Ferdinand de Saussure trouxe contribuições importantíssimas para a Linguística, como teorias acerca da língua e da fala (langue e parole). Para Saussure, a língua é uma coisa imposta ao indivíduo e a fala é um ato particular. Sendo assim,

Signo = Significante + Significado

Onde o significado é o valor, o sentido, o conteúdo semântico e o significante é a manifestação fônica do signo. Sendo assim, toda palavra que possui um sentido é considerada um signo lingüístico. Quer um exemplo?

Cadeira.

Percebemos que há a união de som, conceito e escrita, ou seja, significado e significante. Portanto, “cadeira” é um signo lingüístico.

Roland Barthes, assim como Ferdinand de Saussure, notou que o signo é composto de um significante e de um significado e acrescentou que

o plano dos significantes constitui o plano de expressão e o dos significados o plano de conteúdo. (BARTHES, 1991, p. 43).

O que é um sistema de signos?

Um sistema é constituído pela relação dos elementos de um conjunto. Então isso quer dizer que um sistema de signos é um conjunto de signos que se relacionam? Existe interação do significante e do significado? Veja:

Os termos implicados no signo lingüístico são ambos psíquicos e estão unidos, em nosso cérebro, por um vínculo de associação. (...) O signo lingüístico une não uma coisa e um palavra, mas um conceito e uma imagem acústica. (...) O signo lingüístico é, pois, uma entidade psíquica de duas faces (...) Esses dois elementos estão intimamente unidos e um reclama o outro. (Saussure, 1970:79-80 - Grifos meus).

Veja a imagem abaixo:

Como você sabe que o que está representado na imagem é uma cadeira? Porque há relação entre o significante (a expressão) e o significado (conteúdo).

Então... A linguagem é um sistema!

Sim, a linguagem é um sistema porque serve como meio de comunicação de idéias ou sentimentos através de signos sonoros, gráficos, gestuais etc. A natureza dos signos caracteriza o tipo de linguagem (visual, corporal, gestual...).

Mas não confunda língua e linguagem!

Linguagem é qualquer forma de se comunicar através de signos visuais, auditivos, corporais e principalmente signos verbais.

A Língua é um conjunto de palavras e expressões usadas por um povo, por uma nação, é um sistema com regras próprias.

Voltando a nossa afirmação, “As práticas sociais se organizam em sistemas de signos para transmitir a cultura.”, podemos concluir que a relação entre os homens dentro de uma sociedade é mediatizada pelos signos. Os signos são convenções sociais. Afinal, todos do nosso grupo social sabem que uma cadeira se chama cadeira, né? ;)

Prosseguindo...

A Lingüística é a ciência que estuda os signos Lingüísticos. A Lingüística faz parte da Semiótica, que também estuda signos. Mas qual é a diferença entre as duas?

Simples demais! A Lingüística se restringe ao estudo dos signos da linguagem verbal e a Semiótica é o estudo mais amplo dos signos, envolvendo Artes visuais, Fotografia, Vestuário, Gestos, etc.

A língua natural (materna) é o primeiro mecanismo de socialização do individuo. Ao mesmo tempo em que uma pessoa aprende sua língua, ela aprende também os valores, o comportamento, a ideologia do seu grupo social. – Isso explica porque minha prima de 6 anos já fala coisas do tipo “caraca, maluco!” e “E o Kiko? Casou com a Kika, teve 3 kikinhos e saiu kikando para a kikolândia” (?) – Também explica porque o meu cunhado vive dizendo coisas do tipo “Viva o Linux!”; É isso que dá viver num ambiente de nerds adeptos do Software Livre rs.

Apesar de representar os valores, o comportamento, as gírias, a ideologia de um grupo social, as línguas naturais não representam diretamente a realidade. Elas representam apenas aspectos das experiências vividas por cada povo, e essas experiências não são as mesmas de uma região para outra. Vamos entender isso melhor: Pense nas gírias, que também fazem parte da identidade cultural de um povo. No Rio Grande do Norte, por exemplo, é comum os homens utilizarem expressões do tipo “Nossa, que bicha boa!”, enquanto aqui no Rio de Janeiro, na hora da “azaração” os homens dizem: “Que mina gostosa,meu!”.

Outro exemplo que eu posso citar para convencê-los de que as línguas naturais são aspectos isoladas de cada povo é o fato de “não existir” a palavra SAUDADE em Inglês. Em Inglês, utiliza-se MISS, por exemplo: “I miss you”. Miss, na verdade significa: “perder" ou "sentir falta”, o que não é tão bonito quanto saudade: “Recordação nostálgica e suave de pessoas ou coisas distantes, ou de coisas passadas que se deseja voltar a ver ou possuir.” Explicação para isso? As línguas repartem, de maneiras diferentes, os mesmos domínios práticos e conceituais. Parabéns! Você acabou de conhecer a Teoria de valor, de Saussure! :)

Para Saussure, a relação entre significante e significado deve ser considerada à luz do sistema lingüístico em que o signo se insere, e não nas situações práticas em que a língua intervém ou das realidades extralingüísticas de que permite falar. Essa recomendação vai no sentido de uma lingüística imanentista, ou seja, uma lingüística que procura minimizar as relações que a língua mantém com o mundo. Vai também no sentido de dar prioridade lógica às relações que se estabelecem no interior do sistema, e não às unidades entre as quais essas relações se estabelecem. (O estruturalismo Linguístico, Rodolfo Ilari, P.64)

Daí passa-se a outro princípio saussureano, o da arbitrariedade das línguas, que pode ter dois sentidos diferentes:

O primeiro é aquele que as pessoas usam quando especulam sobre a forma e a história de certas palavras, perguntando se entre os sons e os objetos significados há algum tipo de semelhança (O estruturalismo Linguístico, Rodolfo Ilari, P.64)

Saussure desenvolveu também um segundo conceito de arbitrariedade, bem mais radical, que resulta diretamente da concepção de signo lingüístico como unidade de natureza opositiva. (...) Uma vez estabelecido que toda língua relaciona sons e sentidos articulando-os mediante uma forma, a forma adotada para realizar essa articulação varia de uma língua historicamente dada, para outra.(O estruturalismo Linguístico, Rodolfo Ilari, P.64 – Grifos meus)

Anoção radical de arbitrariedade tem tudo a ver com a noção de valor lingüístico (...) Cada língua organiza seus signos através de uma complexa rede de relações que não será reencontrada em nenhuma outra língua. (...) Para quem quiser um exemplo mais ilustre, (...) vale a distinção entre as palavras latinas Níger e ater; ambas significavam “preto” (ou “negro”), mas havia entre elas uma diferença relacionada a brilho. (Níger significava o negro “brilhante”, ao passo que ater significava o negro “opaco” (O estruturalismo Linguístico, Rodolfo Ilari, P.64 – Grifos meus)

“Dizer que as línguas historicamente dads são arbitrarias significa, no casão, que não há nada que impeça duas línguas – mesmo duas línguas da mesma família, como o português e o latim – de segmentar a realidade de modos diferentes, aplicando conjuntos diferentes de signos a uma mesma realidade objetiva”.

Por isso que a Lingüística é uma ciência interdisciplinar, envolvida com a antropologia, a sociologia, a teoria literária, a psicanálise, etc.

Ainda há quem faça confusão entre lingüística, filologia e gramática. Mas não os leitores do meu blog, por favor!!! :P

Filólogo é quem estuda textos antigos.

Lingüista é quem estuda a modalidade escrita e oral e as variações lingüísticas.

Gramático é quem estuda a norma culta da língua. (Seu estado canônico)

No próximo Post vamos estudar um pouquinho sobre como foi o estudo da lingüística em diferentes períodos da história, como o período Medieval, o período Alexandrino, a Renascença e os séculos posteriores.

Garota que Lê
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