segunda-feira, 16 de maio de 2011

Linguísticas estruturais

A Escola Linguística de Praga

A Escola Linguística de Praga desenvolveu-se entre as duas guerras mundiais e beneficiou-se do fato de ter conseguido harmonizar os ensinamentos de Saussure com uma outra importante linha de reflexão sobre a linguagem, a do Psicólogo Karl Bühler. Outra figura importante foi Wilhem Mathesius.

O que conta na concepção de comunicação utilizada por Saussure é que os interlocutores tenham pleno controle sobre os elementos pertinentes dos signos linguísticos mediante os quais se comunicam. Essa concepção de comunicação é própria da concepção saussuriana, basta para distinguir língua e fala e para estabelecer como a fala depende da língua, mas reduz de certo modo o processo de interpretação a uma questão de discriminação dos signos que se transmitem, e nada nos diz sobre o que acontece quando interpretamos.

Mathesius indicou um caminho possível para superá-la ao alcançar a idéia (hoje quase banal, mas em seu tempo altamente revolucionária) de que a comunicação afeta dinamicamente nossos conhecimentos e nossa consciência das situações. Com essa concepção dinâmica da comunicação, Mathesius pôde sugerir que o dinamismo comunicativo se distribui de maneira desigual nos enunciados que efetivamente utilizamos para fins de comunicação, e assim chegou à idéia de que os enunciados comportam tipicamente uma parte menos dinâmica - o tema - e uma parte mais dinâmica - o rema.

A Glossemática

Tendo como figuras de ponta os dinamarqueses Luis Hjelmslev e Viggo Brondal, a glossemática desenvolveu-se na Universidade de Copenhague. A Glossemática foi a escola de linguística estrutual que mais consequentemente procurou aplicar a tese saussuriana de que as línguas se constituem como sistema de oposições. É em Hjelmslev que encontramos o par terminológico sintagma x paradigma. Tendo desenvolvido uma reflexão linguística menos aderente ao significante, a glossemática conseguiu dar um enfoque estruturalista ao estudo da significação.

O funcionalismo

A crédito dessa escola tem que ser registrada a clareza com que formulou e reafirmou a chamada "dupla articulação da linguagem" - estabelecendo que haveria em toda língua natural dois níveis de oposição (e de combinatória); aquele em que as unidades podem ser contrastadas de modo a fazer aparecer, simultaneamente, diferenças de forma e de sentido (esta é , para Martinet, a primera articulação, que corresponde às palavras) e aquele em que se podem pôr à mostra diferenças que apenas servem para distinguir unidades (esta é a segunda articulação, cujas unidades são os fonemas).

Primeira articulação: palavras;
Segunda articulação: fonemas.



Romam Jakobson

Resumiu seus interesses linguísticos na fórmula: Linguista sum, linguistici a me nihil alienum puto" (Sou humano, acho que tudo que é humano tem a ver comigo). Coube a Jakobson mostrar que a fonologia não era apenas uma representação útil para os fins "técnicos" que haviam levado à sua descoberta; Ele mostrou, com efeito, que assimilação progressiva dos traços permite reconstituir as etapas que a criança percorre na aquisição da linguagem, assim como define a ordem em que se dá sua perda nos falantes acometidos de afasia. Ao fazê-lo, ele mostrou que no nível dos traços e dos fonemas funcionam alguns processos combinatórios ue tiram partido de duas relações fundamentais: A contiguidade e a similaridade, as memas relações que em outros níveis garantem o funcionamento da gramática e dão origem a figuras de linguagem fundamentais, da metáfora e da metonímia... Jakobson foi funcionalista.

O estruturalismo/ A linguística de Chomsky

No caso do estruturalismo europeu, esses sinais manifestaram-se na forma de revisões ou de ataques abertos que, de um modo ou de outro, apontavam para um fato crucial: o estruturalismo havia levado a desconsiderar aspectos dos fenômenos linguísticos que são essenciais para a sua compreensão, e estava funcionando como um handicap para a investigação.

Pêcheux diz que a linguística saussuriana retirando-se do campo da parole teria transformado todos os fenômenos textuais e semânticos numa espécie de terra de ninguém. Ao descartar a fala como objeto de estudo científico, Saussure teria destruido simultaneamente a possibilidade de uma linguística textual e a possibilidade de uma análise científica do sentido dos textos.

Foram então percebidos como problemas três traços do estruturalismo que já vinham sendo criticados em outras áreas do conhecimento: seu caráter anti-historicista, anti-idealista e anti-humanista. As críticas de Pêcheux atingiram o estruturalismo, isso explica a repercussão que teve na Europa.

A partir de 1960, a linguística de Chomsky comandou uma revolução científica que atingiria em cheio o estruturalismo americano, como nova metodologia de investigação, incorporando parte do conhecimento acumulado pela investigação de campo da geração anterior.

E assim termina o resumo sobre o texto de Rodolfo Ilari, "Estruturalismo Linguístico". Bye!

2 comentários:

  1. Estudei na faculdade Chomsky e Saussure.. bons tempos aqueles! Rsrs fiz muitos resumos como esse que vc fez. Engraçado como algumas coisas voltam na nossa cabeça, falas, pensamentos e discursões a respeito dos temas abordados em linguística.
    Sucesso pra vc e boa sorte!
    Temos um blog de atualidades,
    se puder dá uma passadinha lá!
    http://uaimeu10.blogspot.com/
    Abraços

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  2. "Liguista sum, linguistici nihil a me alienum puto" realmente é uma frase de Romam Jackobson em paráfrase à máxima de Terêncio: "Homo sum, humani nihil a me alienum puto", que quer dizer "Sou homem, suponho (penso, creio, admito) que nada humano me seja estranho" (ou seja estranho para mim)". Para Jackobson, portanto, "Sou linguista, suponho que nada linguístico me seja estranho".

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